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A Barragem da Vigia está em má situação, não só quanto à pouca água represada, bem como a sua qualidade. Os eus recursos são direccionados no abastecimento a Redondo e localidades localizadas na periferia, assim como a água também é igualmente utilizada nas tarefas ligadas à rega. Ultimamente têm-se registado comentários e críticas diversas, todas elas tendo como base a actual situação da Vigia, incidindo regra geral para um único alvo: a Associação dos Beneficiários daquele empreendimento, acusada na generalidade de uma má gestão naquele estrutura hídrica. O Eng.º Armando Russel é o representante do Estado, e o gestor da Associação atrás referida. Assim sendo coube-nos falar com aquele responsável, sendo que a primeira interrogação foi pura e simplesmente a seguinte:
-Afinal o que se passa com a Vigia?
"O que se passa com a Vigia é o que se passa com a maioria das barragens aqui no Alentejo. Este foi um ano de muito fraca precipitação e a água foi-se gastando, foi-se evaporando e estão muito vazias e a Vigia está extremamente vazia também.
-- Há uns anos atrás recordamo-nos de ver a Vigia totalmente cheia, ao ponto de terem de efectuar descargas de fundo, sendo que a primeira água que saiu estava totalmente negra e mal cheirosa.
- A Vigia num ano normal de chuva enche e descarrega, e depois dá normalmente para dois anos de consumo. Só que há cinco anos a esta parte que a Vigia não enche. E a pouca água que lá entra distribuída para a rega e abastecimento público faz com que ela vá esvaziando consequentemente.
- As pessoas estranham que a Associação e o próprio município de Redondo não tenham uma acção conjunta para ultrapassar essa questão.-
É assim: A Associação de Beneficiários da Obra da Vigia, no princípio do ano (aí por Fevereiro ou Março) tem de dizer o que se propõe regar a uma comissão de gestão de albufeiras, e autorizada por essa comissão a gastar uma determinada quantidade de água. Quando o ano vem com precipitações há um balanço entre o que chove e o que entra na barragem e o que é gasto, e a barragem não fica com um ar tão vazio. Em relação à Câmara de Redondo, a autarquia já não está a fazer a exploração directa da barragem.
Quem está a tirar água para as Câmaras Municipais é as Águas do Centro Alentejo, que sabendo as dificuldades da Vigia, e que a água ia para o Redondo e Reguengos, conseguiu que o abastecimento de Reguengos fosse efectuado a partir do Monte Novo, pois esta albufeira está a receber água vinda de um canal ligado a Alqueva. De maneira que as coisas não estão piores porque há sempre (no ponto de vista do abastecimento público) o ir buscar água ao Monte Novo.
- E assim como se pensa resolver o caso da Vigia face a todos esses condicionalismos? Tendo em conta como é obvio a situação para a agricultura.
- Se não chover neste período Outono/Inverno para o ano vai ser impossível regar, e o abastecimento público também fica em parte condenado, porque esta água que está no fundo da barragem perde qualidade e exige um tratamento mais cuidado para ser fornecida às populações. Mas com o nível que ela está é impossível pensar em regar de novo enquanto o caudal não subir.
- E imagina-se como estar á o fundo na Vigia, lembrando o que já dissemos quando há anos assistimos a uma limpeza.
- Nós aproveitamos sempre quando a barragem enche, e em vez de deixar passar a água pelas descargas de superfície, procedemos a várias descargas de fundo para retirar o lodo. Nos primeiros cinco minutos a água cheira muito mal, é uma coisa horrível. Mas passado esse tempo começa a clarear. Então nós concluímos daí que não vale a pena fazer descargas muito longas e prolongadas mas mais descargas repetidas, mais curtas. Isto quando a Vigia está cheia, porque agora é impossível pensar em descarregar.
- Como o ser humano não pode ter mão no tempo (e ainda bem que assim é) há apenas que ansiar pela chuva, até porque já devia ter começado a cair.
- Olhe. Quer as Águas do Centro Alentejo quer a Associação dos Beneficiários da Vigia estamos preocupados. E os próprios agricultores da Vigia são, antes do mais cidadãos, e sabem que se a barragem não tiver água eles serão as primeiras pessoas a sofrer. E nós temos feito um esforço ao longo dos anos de tentar consumir a água exactamente precisa para manter as proporções. Mas é assim: normalmente num ano ocorrem diversas precipitações, mesmo de Verão. Trovoadas etc. E este ano não houve.
Nós estamos nesta altura em princípios de Novembro com temperaturas muito perto da casa dos 30 graus. Assim não há nada que resista. Nós já parámos de regar porque a barragem não tinha muita água, mas se a tivéssemos ainda havia pessoas a regar, como aconteceu noutros perímetros de rega, no Divor ou no Lucefecit, onde qualquer de uma destas barragens está em tão más condições como a nossa. O Divor já não abastece Évora nem a Lucefecit abastece nenhuma povoação. E a Vigia abastecia dois concelhos.
- Então o que há a fazer com a Vigia?
- Nós tínhamos pensado encontrar a solução conjuntamente com o Estado, que era a construção de uma barragem nova na Pardiela que é uma ribeira que mete muita água. E então, metade do perímetro de rega da Vigia utilizava a Pardiela e a outra metade propriamente da Vigia, onde ficava mais água de reserva. Quando este projecto estava todo pronto, foi na altura posta a hipótese de efectuar uma ligação na última estação elevatória do canal que trás água para Monte Novo. Eram quinze quilómetros e após umas contas rápidas disseram-nos que "era mais caro do que construir a barragem na Pardiela". Então nós depositámos toda a esperança na Pardiela, pois o projecto está pronto, mas agora quando chegou a altura de o executar o Estado disse que só podia fazer um, de dois projectos; o de Veiros ou o da Pardiela, e que ia optar por fazer Veiros.
De maneira que ficámos sem a Pardiela (mais ao menos ao nível de Santa Susana.) Porque há uma ribeira que passa por Santa Susana mas essa é a do Freixo; e a montante há uma garganta belíssima para fazer a barragem. Mas não foi pensada nem estudada porque logo a jusante há a povoação de Santa Susana, e nunca se pensa fazer uma barragem logo acima de uma povoação, por uma questão de segurança. Então mudou-se um bocadinho para o lado para a Ribeira da Pardiela. E continuamos a aguardar que a questão se resolva.
Breve Historial da Vigia
Data do início da década de 60 a ideia da construção da barragem da Vigia primeiro apenas para o abastecimento de água aos Concelhos de Reguengos de Monsaraz e de Redondo. A partir do meio da década já há a ideia de utilização de fins múltiplos associando-lhe um perímetro de rega. O primeiro projecto, no final desta década, previa um perímetro clássico, com canais e rega por gravidade. Dois anos depois da Revolução o projecto é revisto, transformado num perímetro de rega com água sobre pressão e é acrescentado de uma zona de pequena propriedade. As obras decorreram até 1985. A barragem da Vigia é construída em terra, com um perfil zonado, e uma altura máxima acima do leito de 30 metros . O comprimento do coroamento é de 300 metros e a largura de 10,25 metros. A albufeira tem uma capacidade máxima de 16,725 milhões de metros cúbicos e o seu volume morto é de 1,146 milhões de metros cúbicos. A altura máxima de água é de 24 metros. A superfície inundada ao nível de máxima cheia é de 288 hectares e de apenas 262 ao nível de pleno armazenamento. A bacia hidrográfica da albufeira é de 125 quilómetros quadrados e está sujeita a uma precipitação média de 650 milímetros de chuva. O descarregador de superfície de cheias da barragem é do- tipo frontal, de perfil Greager com duas comportas de sector de 11 metros de comprimento cada, e com um caudal máximo de 250 metros cúbicos por segundo. A torre tem três níveis de captação de água para as autarquias : às cotas de 220, 215 e 210 metros. A captação de água para rega é feita apenas à cota 210 metros.
(in «diário do Sul»)
Localização- Montoito; Distrito: Évora; Concelho: Redondo; Freguesia: Montoito
Responsável: Associação de Beneficiários da Obra da Vigia
Actividades Desportivas e de Lazer Permitidas: Pesca, Natação, Barcos à vela, Windsurf
Localização e acessos: Servida pela Estrada Nacional 381.
Rio a que pertence: Ribeira do Vale do Vasco.