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Ali para os lados de Mértola, aconteceu, certa vez, um caso fantástico e temeroso provocado por uma moura encantada.
Vinha um homem do amanho do campo, de enxada ao ombro, quando ao passar pelo sítio da Mortilhera viu uma cobra que da cintura para cima tinha corpo de mulher. A cobra, que era uma moura encantada, meteu-se a conversar com o homem, e o homem cheio de medo, a suar e a limpar o suor com o lenço.
A moura foi perguntando ao homem como lhe corria a vida, que tal as colheitas, se a seara era dele ou se tinha patrão, e muitas outras coisas com as quais talvez viesse a entreter-se nos longos serões que de Inverno era obrigada a passar sozinha debaixo da terra. Quando acabou de saber tudo o que a interessava, a moura estendeu ao homem um capacho com figos secos, que estava a seu lado, dizendo-lhe que tirasse quantos quisesse.
O homem, que durante todo o tempo da conversa suara frio, de medo e nervos, tirou meia dúzia de figos e meteu-os na algibeira do colete. Despediu-se da cobra com alguns salamaleques e partiu aliviado e desejoso de se ver bem longe dali.
Ao chegar a casa contou à mulher o que lhe acontecera e por fim, quando ia a tirar os figos do bolso do colete, encontrou no lugar deles seis moedas de ouro. A mulher desatou logo a ralhar com ele:
- Ó homem, pois então a moura dá-te figos que são ouro e tu só trazes isto?! Valha-te Deus, que estás mas é a ficar taralhouco! Vai mas é buscar o resto, antes que a cobra volte à cova, vai depressa, ouviste?!
O homem, que não sabia bem se havia de temer mais o bicho ou a mulher, lá foi, dizendo mal à sua vida. E quando passou pela cobra, disse-lhe, para que ela não desconfiasse:
- Adeus, senhora moura! Vou outra vez ao campo, que me esqueci de uma coisa!
Mas a moura sabia tudo:
- Não vais, não! Não te esqueceste de nada, o que tu querias era mais figos, mas já não há! Olha, leva daqui qualquer coisa que te sirva.
E estendeu ao homem o seu açafate da costura, donde ele sacou uma tesourinha com cabos de ouro e pedras preciosas. Partiu e a moura ficou a dizer-lhe adeus com um estranho sorriso.
A caminho de casa, o homem, que ia distraído com os seus pensamentos, escorregou à beira de uma ladeira, caiu, espetou a tesoura no peito e morreu...
Assim acontece quando os encontros com mouras não são mantidos em segredo!
Vinha um homem do amanho do campo, de enxada ao ombro, quando ao passar pelo sítio da Mortilhera viu uma cobra que da cintura para cima tinha corpo de mulher. A cobra, que era uma moura encantada, meteu-se a conversar com o homem, e o homem cheio de medo, a suar e a limpar o suor com o lenço.
A moura foi perguntando ao homem como lhe corria a vida, que tal as colheitas, se a seara era dele ou se tinha patrão, e muitas outras coisas com as quais talvez viesse a entreter-se nos longos serões que de Inverno era obrigada a passar sozinha debaixo da terra. Quando acabou de saber tudo o que a interessava, a moura estendeu ao homem um capacho com figos secos, que estava a seu lado, dizendo-lhe que tirasse quantos quisesse.
O homem, que durante todo o tempo da conversa suara frio, de medo e nervos, tirou meia dúzia de figos e meteu-os na algibeira do colete. Despediu-se da cobra com alguns salamaleques e partiu aliviado e desejoso de se ver bem longe dali.
Ao chegar a casa contou à mulher o que lhe acontecera e por fim, quando ia a tirar os figos do bolso do colete, encontrou no lugar deles seis moedas de ouro. A mulher desatou logo a ralhar com ele:
- Ó homem, pois então a moura dá-te figos que são ouro e tu só trazes isto?! Valha-te Deus, que estás mas é a ficar taralhouco! Vai mas é buscar o resto, antes que a cobra volte à cova, vai depressa, ouviste?!
O homem, que não sabia bem se havia de temer mais o bicho ou a mulher, lá foi, dizendo mal à sua vida. E quando passou pela cobra, disse-lhe, para que ela não desconfiasse:
- Adeus, senhora moura! Vou outra vez ao campo, que me esqueci de uma coisa!
Mas a moura sabia tudo:
- Não vais, não! Não te esqueceste de nada, o que tu querias era mais figos, mas já não há! Olha, leva daqui qualquer coisa que te sirva.
E estendeu ao homem o seu açafate da costura, donde ele sacou uma tesourinha com cabos de ouro e pedras preciosas. Partiu e a moura ficou a dizer-lhe adeus com um estranho sorriso.
A caminho de casa, o homem, que ia distraído com os seus pensamentos, escorregou à beira de uma ladeira, caiu, espetou a tesoura no peito e morreu...
Assim acontece quando os encontros com mouras não são mantidos em segredo!
In «Lendas Portuguesas» - Vol.V - Fernanda Frazão
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