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1. Uma Nova Medicina das Emoções
Uma vida é vida única – e essa vida é difícil. Muitas vezes, damos por nós a invejar a outrem. Nestes casos, não teríamos os mesmos problemas, ou pelo menos não os nossos. Mas teríamos os outros: os deles.
Nem o talento, nem a glória, nem o poder, nem o dinheiro, nem a adoração das mulheres ou dos homens tornam a vida fundamentalmente mais fácil.
Contudo existem pessoas felizes que levam uma vida equilibrada. Estas pessoas não fazem parte de nenhuma seita nem de nenhuma religião particular. Encontramo-los em qualquer parte do mundo. O que permite alcançar este estádio? Não se trata de medicamentos nem de psicanálise.
Uma vida é vida única – e essa vida é difícil. Muitas vezes, damos por nós a invejar a outrem. Nestes casos, não teríamos os mesmos problemas, ou pelo menos não os nossos. Mas teríamos os outros: os deles.
Nem o talento, nem a glória, nem o poder, nem o dinheiro, nem a adoração das mulheres ou dos homens tornam a vida fundamentalmente mais fácil.
Contudo existem pessoas felizes que levam uma vida equilibrada. Estas pessoas não fazem parte de nenhuma seita nem de nenhuma religião particular. Encontramo-los em qualquer parte do mundo. O que permite alcançar este estádio? Não se trata de medicamentos nem de psicanálise.
A constatação
A importância nas sociedades ocidentais das perturbações ligadas ao stress – entre elas a depressão e a ansiedade – é bem conhecida. Os números são alarmantes:
* Os estudos clínicos sugerem que 50 a 75% de todas as idas ao médico são motivadas antes de mais pelo stress, e que, em termos de mortalidade o stress é um factor de risco mais grave do que o do tabaco.
* De facto, entre os medicamentos mais utilizados nos países ocidentais, a maioria visa tratar dos problemas directamente ligados ao stress: são antidepressivos, ansiolíticos e soníferos, anti-ácidos, anti-hipertensores e anti-colesterol.
Outra Abordagem:
Ora uma nova medicação das emoções está a nascer hoje um pouco por todo o mundo. Uma medicina sem psicanálise e sem Prozac.
Os grandes princípios podem ser resumidos assim:
· No interior do cérebro existe um cérebro emocional, um verdadeiro «cérebro dentro do cérebro». Este tem uma arquitectura diferente, uma organização celular diferente, e até propriedades bioquímicas diferentes do resto do «neocórtex».
· O cérebro emocional, por seu turno, controla tudo quanto reage, o bem-estar psicológico e a grande parte da fisiologia do corpo: o funcionamento do coração, a tensão arterial, as hormonas, o sistema digestivo e mesmo o sistema imunitário.
· As desordens emocionais, são consequências do disfuncionamento do cérebro emocional. Para muitos, esses disfuncionamentos não têm como origem experiências dolorosas vividas no passado, sem relação com o presente, mas que se imprimiram de forma indelével no cérebro emocional.
· A tarefa principal do psicoterapeuta é «reprogramar» o cérebro emocional de forma a que este se adapte ao presente em vez de continuar a reagir a situações do passado.
· O cérebro emocional possui mecanismos naturais de auto-cura: trata-se de capacidades inatas para encontrar o equilíbrio e o bem-estar comparáveis a outros mecanismos de auto-cura do corpo, como a cicatrização de uma ferida ou a eliminação de uma infecção.
Alguns métodos de tratamento são muito recentes e fazem apelos a tecnologias de ponta, como por exemplo o método dito de «dessensibilização e de retratamento pelos movimentos oculares (mais conhecido pelas iniciais americanas EMDR)», ou o método da «coerência do ritmo cardíaco» ou ainda o da «sincronização dos ritmos cronobiológicos pela aurora artificial».
Outras técnicas, como a acupunctura, a nutrição, a comunicação afectiva e os métodos de integração social, são oriundos de tradições médicas plurimilenares, mas sejam quais forem as suas origens, tudo começa com as emoções. (Página 13)
«Cerebro límbico»
No interior do cérebro humano encontra-se o «cérebro emocional». Estas estruturas, chamadas «límbicas», são as mesmas em todos os mamíferos. São compostos de um tecido neuronal diferente do tecido do cérebro cortical responsável, esse, pela linguagem e pelo pensamento. As estruturas límbicas, essas, têm a seu cargo as emoções e as reacções da sobrevivência. No mais fundo do cérebro situa-se a amígdala, um núcleo de neurónios que está na origem de todas as reacções do medo.
2. Mal-estar na Neurobiologia: O Difícil Casamento de Dois Cérebros
Devemos ter cuidado em não fazer do intelecto o nosso deus;
Ele tem, evidentemente músculos fortes, mas não personalidade.
Ele não pode mandar, apenas servir.
Albert Einstein
Sem emoção a vida não tem sentido. O que dá sol à nossa existência senão o amor, a beleza, a justiça, a verdade, a dignidade, a honra, e as gratificações que elas nos trazem. Estes sentimentos, e as emoções que os acompanham, são como bússolas que nos guiam a cada passo. Privados de emoções, perdemos os pontos de referência mais fundamentais e tornamo-nos incapazes de escolher em função do que nos importa verdadeiramente.
Certas doenças mentais traduzem-se por essa perda de contacto. Por outro lado, as emoções entregues a si mesmas também não contribuem para uma vida de sonho. Devem imperativamente ser moduladas pela análise racional a cargo do cérebro cognitivo, pois qualquer decisão tomada «a quente» pode pôr em perigo o equilíbrio complexo dos nossos relacionamentos com os outros. Sem concentração, sem reflexão, sem planificação; oscilamos ao sabor do prazer e da frustração. Se nos tornarmos incapazes de controlar a nossa existência, esta perde rapidamente sentido.
No interior do cérebro humano encontra-se o «cérebro emocional». Estas estruturas, chamadas «límbicas», são as mesmas em todos os mamíferos. São compostos de um tecido neuronal diferente do tecido do cérebro cortical responsável, esse, pela linguagem e pelo pensamento. As estruturas límbicas, essas, têm a seu cargo as emoções e as reacções da sobrevivência. No mais fundo do cérebro situa-se a amígdala, um núcleo de neurónios que está na origem de todas as reacções do medo.
2. Mal-estar na Neurobiologia: O Difícil Casamento de Dois Cérebros
Devemos ter cuidado em não fazer do intelecto o nosso deus;
Ele tem, evidentemente músculos fortes, mas não personalidade.
Ele não pode mandar, apenas servir.
Albert Einstein
Sem emoção a vida não tem sentido. O que dá sol à nossa existência senão o amor, a beleza, a justiça, a verdade, a dignidade, a honra, e as gratificações que elas nos trazem. Estes sentimentos, e as emoções que os acompanham, são como bússolas que nos guiam a cada passo. Privados de emoções, perdemos os pontos de referência mais fundamentais e tornamo-nos incapazes de escolher em função do que nos importa verdadeiramente.
Certas doenças mentais traduzem-se por essa perda de contacto. Por outro lado, as emoções entregues a si mesmas também não contribuem para uma vida de sonho. Devem imperativamente ser moduladas pela análise racional a cargo do cérebro cognitivo, pois qualquer decisão tomada «a quente» pode pôr em perigo o equilíbrio complexo dos nossos relacionamentos com os outros. Sem concentração, sem reflexão, sem planificação; oscilamos ao sabor do prazer e da frustração. Se nos tornarmos incapazes de controlar a nossa existência, esta perde rapidamente sentido.
A Inteligência Emocional
O termo que melhor define este equilíbrio entre a emoção e a razão é a «inteligência emocional»
O que é a inteligência ? A inteligência é o conjunto das capacidades mentais que permitem prever o sucesso de um indivíduo.
A «inteligência emocional» é largamente independente do quociente intelectual.
A partir da ideia de inteligência emocional os investigadores de Yale e de New Hampshire definiram um «quociente emocional» que permite medi-la, em torno de quatro funções essenciais:
1) A aptidão para identificar o estado emocional próprio e o dos outros.
2) A aptidão para compreender o desenrolar natural das emoções (o medo, a cólera, por exemplo, evoluem de uma forma diferente no tempo).
3) A aptidão para raciocinar sobre as próprias emoções e as dos outros.
4) A aptidão para gerir as suas emoções e as dos outros.
Estas quatro aptidões são os fundamentos do auto-domínio e do sucesso social. Elas estão na base do auto conhecimento, do comedimento, da compaixão, da cooperação, e da capacidade para resolver os conflitos.
O problema é que as pessoas estão mesmo convencidas de que são exímias nestes quatro domínios. E todavia, o caso está longe de ser esse.
O comportamento das crianças ilustra perfeitamente até que ponto pode ser difícil distinguir os estados emocionais. A maior parte do tempo, uma criança que chora, não sabe exactamente se chora porque tem calor, porque tem fome, porque está triste, ou simplesmente porque está cansada de um longo dia de brincadeiras.
Os Dois Cérebros: Cognitivo e Emocional
Para Damásio, a vida psíquica é o resultado de um esforço permanente de simbiose entre dois cérebros. De um lado um cérebro cognitivo, consciente, racional e voltado para o mundo exterior. Do outro, um cérebro emocional, inconsciente, preocupado em primeiro lugar com a sobrevivência e antes de mais conectado com o corpo. Estes dois cérebros são relativamente independentes um do outro, e cada um deles contribui de forma diferente para a nossa experiência de vida e o nosso comportamento.
O cérebro límbico controla as emoções e a fisiologia do corpo
O cérebro límbico é constituído pelas camadas mais profundas do cérebro humano. É, de facto, «um cérebro dentro do cérebro». O cérebro límbico é um posto de comando que recebe continuamente informações de diferentes partes do corpo e a elas responde de forma apropriada controlando o equilíbrio fisiológico: a respiração, o ritmo cardíaco, a tensão arterial, o sono, o libido, a secreção das hormonas, e mesmo o funcionamento do sistema imunitário, estão sob as suas ordens. O papel do cérebro límbico parece ser o de manter as diferentes partes em equilíbrio.
O cérebro cortical controla a cognição, a linguagem e o raciocínio.
O neocórtex, a «nova casca», é a superfície plissada que dá ao cérebro a sua aparência tão característica. É também o invólucro que envolve o cérebro emocional. Atenção, concentração, reflexão, planificação, comportamento moral: o neocórtex – o nosso cérebro cognitivo – é um componente essencial da nossa humanidade..
Quando os dois cérebros não se entendem:
Os dois cérebros, emocional e cognitivo, captam a informação proveniente do mundo exterior mais ou menos ao mesmo tempo. A partir daí, podem cooperar ou disputar entre si o controlo do pensamento, das emoções e do comportamento. É o resultado desta interacção – cooperação ou competição – que determina o que sentimos, a nossa relação com o mundo, e a nossa relação com os outros. As diferentes formas de competição tornam-nos infelizes. Inversamente, quando o cérebro emocional e o cérebro cognitivo se completam, um para dar uma direcção àquilo que queremos viver (emocional), e o outro para nos fazer avançar nessa via o mais inteligentemente possível (o cognitivo), sentimos uma harmonia interior – um «estou onde quero estar na vida» - que sustém todas as experiências duradouras de bem-estar.
O curto - circuito emocional
Na prática clínica encontramos dois exemplos deste curto-circuito emocional:
· O primeiro é aquilo que chamamos de «stress pós-traumático» (ESPT): após um traumatismo grave – por exemplo, uma violação ou um tremor de terra – o cérebro emocional comporta-se como uma sentinela leal e conscienciosa que tivesse sido apanhada desprevenida. Ela dá o alarme demasiadas vezes, como se fosse incapaz de ter a certeza da ausência do perigo. Foi o que aconteceu, nomeadamente, a um sobrevivente do 11 de Setembro que veio tratar-se ao nosso centro de Pitsburg: meses depois do atentado o seu corpo ficou paralisado cada vez que entrava num arranha-céus.
· O segundo exemplo corrente é o das crises de ansiedade, também chamadas em psiquiatria ataques de pânico. Nos países desenvolvidos cerca de uma pessoa em cada vinte sofreu crises de pânico. Muitas vezes as vítimas têm a sensação de que vão ter um enfarte, de tal forma as manifestações físicas são impressionantes. O cérebro límbico assume subitamente o controlo de todas as funções do corpo: o coração bate a toda a velocidade, o estômago revolve-se, as pernas e as mãos tremem, a pessoa transpira por todos os poros. No mesmo momento as funções cognitivas são enfraquecidas pela descarga de adrenalina: por mais que o cérebro cognitivo não entenda a razão de tal estado de alarme, enquanto ele se mantiver desligado pela adrenalina, será incapaz de organizar uma resposta coerente à situação. As pessoas que sofreram crises destas descrevem-nas muito bem: «era como se o meu cérebro estivesse vazio; não conseguia pensar».
A asfixia cognitiva
Ao invés, o cérebro cognitivo controla a atenção consciente e a capacidade de moderar as reacções emocionais antes que estas se tornem desproporcionadas. Mas não é por sermos cegos a um determinado mal-estar subjacente que este desaparece. Dado que o corpo é o principal campo de acção do cérebro emocional, este impasse traduz-se em problemas físicos. Os sintomas acabam por ser as clássicas doenças de stress: cansaço inexplicável, a hipertensão arterial, as constipações e outras infecções de carácter repetitivo, as doenças cardíacas, as perturbações intestinais e os problemas de pele. (Página 25)
(Do Livro «Curar» de Dr. David S. Schreiber)
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