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11. O Amor é Uma Necessidade Biológica
O Desafio Emocional
Nada faz ranger tanto os dentes do nosso cérebro como os pequenos conflitos com aqueles e aquelas que fazem parte dos nossos relacionamentos próximos. Quer queiramos quer não, mesmo os conflitos com os vizinhos – que são, apesar de tudo, «estranhos» - podem afectar-nos tanto como uma arranhadela numa ardósia.
Em contrapartida, o nosso coração derrete-se diante do espectáculo de uma criança que sorri ao pegar na mão do pai para lhe dizer, olhos nos olhos: «Gosto de ti, pai» (e outras situações semelhantes).
Nestes casos reagimos à relação afectiva entre os seres. Quando as pessoas se agridem emocionalmente, sofrem com isso, mesmo que sejamos apenas meros espectadores.
A Fisiologia do Afecto
No nosso caso, como no dos outros mamíferos, a evolução criou pois estruturas límbicas do cérebro que nos tornam particularmente sensíveis às necessidades das crianças. A evolução introduziu no nosso cérebro o instinto, que nos faz responder às suas necessidades: alimentá-los, aquecê-los, fazer-lhes festas, protegê-los, mostrar-lhes como colher, como caçar, como defender-se.
Uma região específica do nosso cérebro emocional é até responsável pelos gritos de aflição que emitimos – bebés –logo que somos separados daqueles a quem estamos ligados. O cérebro emocional está pois construído de maneira a emitir e receber no canal do afecto. O contacto emocional é, para os mamíferos, uma verdadeira necessidade biológica, tal como a comida e o oxigénio.
O Amor é Uma Necessidade Biológica
Nos humanos, estabeleceu-se que a qualidade de relação entre os pais e a criança, definida pelo grau de empatia dos pais e a respectiva resposta às suas necessidades emocionais, determina, muitos anos depois, a tonicidade do seu sistema parassimpático, isto é, o factor preciso que favorece a coerência do ritmo cardíaco e permite resistir melhor ao stress e à depressão.
A Sua Mulher Diz Que o Ama ?
Está pois actualmente estabelecido que em todos os mamíferos, incluindo os homens, o equilíbrio fisiológico dos bebés depende da afeição que lhes é dedicada. Será realmente de admirar que isso seja verdade também no caso dos adultos?
Um estudo publicado no British Medical Journal veio mostrar que a sobrevivência média de homens de idade que perderam a mulher era de longe inferior à dos homens da mesma idade cuja mulher ainda estava viva. Segundo outro artigo, os homens com doenças cárdio-vasculares que responderam «sim» à pergunta: « A sua mulher diz que o ama ?» apresentavam duas vezes menos sintomas do que os outros. E quanto mais estes homens acumulavam factores de risco (colesterol, hipertensão, stress), mais o amor da mulher parecia ter um efeito protector. Fenómeno inverso: oito mil e quinhentos homens de boa saúde foram seguidos durante cinco anos. Os que, no início do inquérito, se reconheciam na afirmação: «A minha mulher não me ama», desenvolveram o triplo das úlceras em relação aos outros. Nas mulheres, os benefícios do apoio emocional são igualmente importantes. Em mil mulheres a quem foi diagnosticado um cancro da mama, foram registados duas vezes mais óbitos ao fim de cinco anos entre as que diziam ter falta de afecto nas suas vidas.
Três psiquiatras da Universidade de S. Francisco deram um nome a este fenómeno: «a regulação límbica». Nas suas palavras: «A relação afectiva é um conceito tão real e tão determinante como qualquer medicamento ou intervenção cirúrgica». Mas é evidente que se trata de uma ideia que ainda tem dificuldade em abrir caminho. Apesar estar perfeitamente estabelecida cientificamente, talvez por não ser propícia à venda de medicamentos. (Pág. 167)
12. A Comunicação Emocional
Aqueles que dominam a palavra exacta
não ofendem ninguém, no entanto, dizem
a verdade. As suas palavras são claras
mas nunca violentas... Jamais se dedicam
a humilhar, e jamais humilham alguém.
Buda
O Love Lab de Seattle
Na Universidade de Seattle, um lugar chamado o «Love Lab» (o laboratório do amor), pares casados aceitam passar pelo microscópico emocional do Professor Gottman. Esta analisa a natureza das suas interacções. Câmaras de vídeo filmam os casais e permitem detectar a menor careta nos seus rostos, mesmo que esta só dura uns décimos de segundo. Captadores controlam as variações do ritmo cardíaco e da tensão arterial. Desde que inventaram o Love Lab muitos casais aceitaram discutir ali os seus assuntos crónicos de conflito: a repartição das tarefas domésticas, as relações com os sogros, os conflitos por causa do tabaco, da bebida, etc.
A primeira descoberta do Professor é a de que não há casal feliz – de facto, não há uma relação afectiva duradoura – sem, conflito crónico. É até o inverso: os casais que não têm motivo de discussão crónica, deviam preocupar-se. A ausência de conflitos é sinal de uma distância emocional de tal ordem que ela exclui uma verdadeira relação.
A segunda descoberta – perplexizante – é que basta ao Professor analisar cinco minutos – cinco minutos ! – de uma discussão entre marido e mulher para dizer com uma precisão de mais de 90% quem é que vai permanecer casado e quem se vai divorciar nos próximos anos – mesmo tratando-se de um casal ainda em plena lua de mel.
Nada afecta tanto o nosso cérebro emocional e a nossa fisiologia como quando nos sentimos emocionalmente afastados daqueles a quem estamos mais ligados: o nosso cônjuge, os nossos filhos, os nossos pais. No Love Lab, uma palavra a mais, um minúsculo ricto de desprezo ou de nojo – dificilmente visível para um observador – bastam para provocar uma aceleração do ritmo cardíaco naquele a quem são destinados. Os homens, em particular, são muito sensíveis ao que o Professor chama : «a inundação afectiva»: uma vez activada a sua fisiologia, são «afogados» pelas emoções e só pensam em termos de defesa e de ataque. Deixam de procurar encontrar uma solução ou uma resposta que acalme a situação.
O Apocalipse da Comunicação
O Professor Gottman define aquilo a que chama «os quatro cavaleiros do Apocalipse» nos diálogos conflituosos.
O primeiro cavaleiro é a «critica». Criticar o outro em vez de lhe apresentar simplesmente uma queixa ou um pedido. Exemplo de crítica: «Outra vez atrasado. És um egoísta». Exemplo de queixa: «São nove horas. Tinhas dito que vinhas ás oito. É a segunda vez esta semana. Sinto-me sozinha e é aborrecido ficar assim à tua espera».
O que estas observações têm de prodigiosamente espantoso é o facto de parecerem o mais naturais possível! Sabemos todos perfeitamente «como não gostamos de ser tratados». Em contrapartida, é-nos mais difícil especificar «como gostaríamos de sê-lo», apesar de nos sentirmos instantaneamente reconhecidos quando alguém se dirige a nós de forma emocionalmente inteligente.
O segundo cavaleiro, o mais violento e o mais perigoso para o nosso equilíbrio límbico, é o «desprezo». O desprezo manifesta-se evidentemente por meio de insultos, desde os mais suaves até aos mais clássicos e violentos do género: «minha filha, és mesmo uma parva», ou «coitado», ou simplesmente, mas não menos terrível, «não sejas ridículo».
O sarcasmo também pode magoar imenso. O sarcasmo pode ser divertido no cinema mas não o é na vida corrente. Porém, Sá precisamente esses sarcasmos que procuramos muitas vezes, por vezes até com deleite.
As expressões faciais bastam muitas vezes para comunicar o desprezo; os olhos que olham para cima em resposta a qualquer coisa acabada de dizer, os cantos da boca que se baixam com os olhos que se cerram em relação ao outro. Quando se trata de alguém com quem vivemos ou trabalhamos que nos dirige estes sinais, eles vão-nos direitos ao coração como uma seta e tornam qualquer resolução pacífica da situação praticamente impossível: como raciocinar ou falar calmamente quando a mensagem que se recebe é a de que não provocamos senão desdém ?
O terceiro e o quarto cavaleiros são o «contra-ataque» e o «recuo total». Quando somos atacados as duas soluções imediatamente avançadas pelo cérebro emocional são o combate e a fuga. Elas foram gravadas nos nossos genes por milhões de anos de evolução. E são efectivamente as duas escolhas mais eficazes para um insecto ou um réptil… Ora, qualquer que seja o conflito o problema do contra-ataque é que este só conhece duas saídas: no pior dos casos leva direitinho a uma escalada de violência: ferido pelo meu contra-ataque o outro vai mais longe. No melhor dos casos, o contra-ataque «resulta», o outro é vencido pela nossa verve ou – como acontece muitas vezes com os pais em relação aos filhos, e com os homens em relação às mulheres, - com uma bofetada! Falou a lei do mais forte, e o réptil em nós ficou satisfeito. Mas esta vitória deixa forçosamente o vencido ferido ou magoado. E essa ferida só serve para aumentar o abismo emocional e agravar a dificuldade em viver com outra pessoa. Um contra-ataque violento jamais deu vontade ao outro de se desfazer em desculpas sinceras e de nos abraçar…
A outra opção é o «recuo total», é uma especialidade masculina que tem o condão de irritar particularmente as mulheres. Ela prefigura muitas vezes a derradeira desintegração de uma relação, quer se trate de um casamento ou de uma colaboração profissional. Após semanas ou meses de críticas, de ataques e contra-ataques, um dos protagonistas acaba por abandonar o campo de batalha, pelo menos emocionalmente, enquanto o outro tenta contactar com ele, procura falar-lhe, ele fecha-se, olha os pés ou esconde-se por detrás do jornal «à espera que passe». O outro, exasperado com esta atitude que pretende ignorá-lo por completo, levanta cada vez mais a voz e acaba por desatar aos gritos. Como é óbvio, é tempo perdido.
Dizer Tudo Mas Sem Violência
Mas quais são então os princípios da comunicação eficaz, da comunicação que faz passar a mensagem sem alienar o destinatário, daquela que, pelo contrário, lhe inspira o respeito e lhe dá vontade de nos ajudar?
O primeiro princípio da comunicação não violenta é substituir tudo e qualquer juízo – isto é, toda e qualquer crítica – por uma observação objectiva. Quanto mais se é preciso e objectivo, mais aquilo que se diz é interpretado pelo outro como uma tentativa legítima de comunicação e não como uma crítica potencial.
O segundo princípio é evitar qualquer juízo sobre o outro a fim de nos concentramos inteiramente naquilo que sentimos. É a chave mestra da comunicação emocional. Se eu falar do que sinto, ninguém pode discutir comigo. Se eu disser: «Estás atrasado, mas que egoísta…» o outro só pode responder torto à minha afirmação. Em contrapartida, se eu disser: «Tínhamos ficado de nos encontrar às oito e são nove. É a segunda vez este mês; quando isto acontece sinto-me frustrada e às vezes até um pouco humilhada», ele não poderá pôr em causa os meus sentimentos. Estes pertencem-me totalmente !.
O esforço consiste em descrever a situação com frases que comecem por «eu» em vez de «tu» ou em vez de «o senhor ou a senhora». Ao falar de mim, e só de mim, já não estou a criticar o meu interlocutor, não o ataco, estou no campo da emoção e por conseguinte no campo da autenticidade e da abertura.
Se souber fazer as coisas e se for verdadeiramente honesto comigo próprio, sou até capaz de me tornar vulnerável indicando-lhe como ele me magoou. Vulnerável porque lhe terei desvendado uma das minhas fraquezas. Mas, a maior parte das vezes, é justamente esta candura que vai desarmar o adversário e dar-lhe vontade de cooperar – na medida em que também ele deseja preservar a nossa relação.
É ainda mais eficaz não só dizer o que se sente, mas também dar a conhecer ao outro a esperança partilhada que foi desiludida.
A Ficha dos Seis Pontos
Seis Pontos-chave de Abordagem Não Violenta (O.L.A. – C.E.E.)
A ficha de que me sirvo e costumo dar aos jovens médicos tem a seguinte sigla: «O.L.A. – C.E.E.». Estas iniciais resumem os seis pontos-chave de uma abordagem não violenta, que vos dá mais hipóteses de obterem o que desejam, quer seja em vossa casa, no emprego, com a polícia, e até com o mecânico da garagem. Vejamos o que significam estas iniciais:
O – Origem:
Em primeiro lugar, é preciso ter a certeza de que estamos de facto a dirigir-nos à pessoa que constitui a origem do problema e de que ela dispõe dos meios para resolvê-lo. Por mais que isto pareça evidente, em geral não costuma ser este o nosso primeiro reflexo. É preciso a pessoa dirigir-se à fonte do problema (não serve de nada queixar-se depois aos seus colegas ou à sua mãe).
L – Lugar e Momento:
É preciso que a discussão decorra num sítio protegido e privado, num momento propício (certificar-se da disponibilidade daquele a quem dirige a palavra). Geralmente, não é boa ideia enfrentar o agressor, mesmo que a nossa queixa seja não violenta. Também não se deve entabular essa conversa imediatamente, «a quente», nem quando ele se encontra numa situação de stress.
A – Abordagem Amigável:
Para sermos ouvidos, precisamos primeiro de ter a certeza de que vamos ser ouvidos. Haverá melhor maneira de falhar a nossa tentativa do que arvorar uma atitude agressiva ou um tom de voz demasiado peremptório ? como provou o Professor Gittman no seu Love Lab, se um dos protagonistas se sente agredido, tem tendência para se deixar «afogar» nas suas emoções antes mesmo que a conversa tenha tido início. O que fará com que tudo quanto venha a seguir seja completamente inútil.
Começar a conversa usando o nome da pessoa (técnica do «cocktail»). Somos mais receptivos ao nosso nome do que a qualquer outra palavra. O fenómeno do «cocktail» em que você está num cocktail, toda a gente fala à sua volta e pouco se ouve, eis que, de súbito, noutro grupo, alguém pronuncia o seu nome. Ouve-o e volta de imediato a cabeça. O seu nome: essa palavra, mais do que qualquer outra, parece feita de propósito para atrair a sua atenção.
Portanto, seja o que for que tenha a dizer a quem o ofendeu, comece por tratá-lo pelo nome, e a seguir diga qualquer coisa simpática, desde que seja verdade.
C – Comportamento Objectivo:
Refira o comportamento que motivou o descontentamento, limitando-se a uma descrição do que se passou e mais nada, sem a mínima alusão a um juízo moral.
E – Emoção:
A descrição dos factos deve ser imediatamente seguida da emoção sentida. Nesse momento é preciso não cair na ratoeira de falar na nossa fúria, que é muitas vezes a emoção mais manifesta. Fale de si próprio: «Sinto-me magoado» ou, «Considerei isto uma humilha
E – Esperança Desiludida:
Prosseguir mencionando a esperança desiludida, ou a necessidade que sentimos e que não foi satisfeita. «Preciso de me sentir ligado a ti, de sentir que sou importante para ti, mesmo quando estamos com amigos».
Eu sei perfeitamente que esta atitude tem qualquer coisa de surrealista, sobretudo quando há poucos modelos à nossa volta em que nos possamos inspirar. A pessoa pensa: «Pois, era bestial se eu conseguisse falar assim, se eu tivesse a coragem de falar assim. Mas é impossível».
O problema é contudo simples: só existem três maneiras de reagir numa situação de conflito: a «passividade», a reacção mais recorrente e menos satisfatória; a «agressividade» que também não é verdadeiramente mais eficaz e muitíssimo mais perigosa; ou então a «assertividade», isto é, a comunicação emocional não violenta.
O outro aspecto geralmente menosprezado na comunicação, quando ele é quase tão importante, é saber aproveitar as ocasiões de aprofundar a nossa relação com outrem. Uma das maneiras mais simples de conseguir isto, é saber estar totalmente presente quando ele (ou ela) sofre e precisa de nós. (Pág. 183)
13. Escutar Com O Coração
Melhorando a nossa capacidade de escutar – e portanto a nossa relação com os outros – isto permite que nos aproximemos das pessoas para nós mais importantes, dos nossos cônjuges, pais, filhos, de um modo nunca antes feito. Ora, ao proceder desse modo, ao aprofundar as nossas relações, também nos estamos a tratar a nós próprios.
As Perguntas QEOFE
A técnica resume-se a cinco perguntas sucessivas e rápidas. Um bom meio mnemotécnico para nos lembramos é fazer as «Perguntas QEOFE»:
Q – Que aconteceu?
Para se estabelecer uma relação com uma pessoa que sofre, é evidentemente preciso que ela relate em primeiro lugar o que lhe aconteceu na vida e que a magoou. É o que ela fará respondendo à pergunta: «Que aconteceu ?». Não é necessário entrar em detalhes, mas pelo contrário.
O que importa é ouvir a pessoa durante três minutos (não mais que este tempo, após o que a pessoa se começa a dispersar), interrompendo o mínimo possível. Se isto lhe parecer pouco, ficará sem dúvida surpreendido por saber que, em média, um médico interrompe o doente ao fim de dezoito segundos. Passados três minutos, se deixar o interlocutor perder-se em pormenores, arrisca-se a nunca alcançar o essencial. E o essencial no fundo, nunca são os factos, mas as emoções. É preciso passar rapidamente à segunda pergunta bem mais importante.
E - Emoção:
Rapidamente, a pergunta que deve fazer é: - «E que emoção sentiste?». Isto pode parecer-lhe muito mais supérfluo (mas não é).
O – O mais Difícil:
Trata-se de novo de uma pergunta que parece inconveniente, ou «indecente», tendo em conta o que quer dizer viver uma situação dessas. É contudo a mais eficaz das perguntas.
Perguntar: - «O que foi mais difícil para si?». A pergunta «O» é mágica porque na resposta será indicado em torno de quê, em quem se centram as emoções, focalizando o espírito de quem sofre.
F – Fazer Face:
Após ter permitido à emoção exprimir-se, é preciso aproveitar de seguida o facto da energia estar concentrada na origem principal do problema: - «O que o ajuda mais a fazer face ao problema?». Com esta pergunta, desvia-se a atenção da pessoa com quem estamos a falar para os recursos já existentes à sua volta e que a podem ajudar a enfrentar o problema, a recuperar. É preciso não subestimar a capacidade das pessoas para resolverem as situações mais difíceis. Aquilo que mais necessitam frequentemente, é que os ajudem a pôr-se de pé; não que lhe resolvam os problemas em seu lugar.
Todos nós temos dificuldades em compreender e em admitir que os homens e as mulheres que nos rodeiam são mais fortes, mais resistentes, do que geralmente se imagina. Que nós próprios somos mais fortes e mais resistentes do que julgamos. O que tive de ensinar com dificuldade aos meus alunos médicos, temos de aprendê-lo também nas nossas relações afectivas. Em vez de pensarmos «Não fiques assim», quando alguém exprime a sua emoção e a sua dor, devemos pensar: «Não faças nada! Continua assim!». Porque é de facto o papel mais benéfico que podemos desempenhar: continuar simplesmente ali a acompanhar, em vez de propor soluções atrás umas das outras ou passar a acarretar aos ombros problemas que não nos pertencem.
E – Empatia:
Para concluir a interacção, é sempre útil exprimir com palavras sinceras o que sentimos ao ouvir o outro, para lhe comunicar simplesmente que, durante alguns minutos, partilhámos o seu fardo. Exemplo: - «Deve ser duro para si» ou, «Lamento imenso o que aconteceu, também eu me senti desolado ao ouvi-lo».
As crianças que correm para a mãe quando fizeram «dói-dói» percebem isso muito bem, melhor que até alguns adultos.
É assim, nos intercâmbios bem sucedidos, mesmo quando estes não nos «curam» instantaneamente, que o nosso cérebro emocional se desenvolve; que ele se torna mais confiante na nossa capacidade em entrar em relação com os outros, e portanto em ser «acertado» por eles, como necessitamos. É essa confiança que nos protege da ansiedade e da depressão. (Pág.199)
14. A Relação Com os Outros
Se eu não tratar de mim, então quem é que trata?
E se eu só tratar de mim, então sou o quê?
E se eu não me preocupar com isso agora, preocupo-me quando?
Hillel – O Tratado dos Pais
O psicólogo humanista Abraham Maslow está na viragem do grande movimento de «desenvolvimento pessoal». No final do seu estudo sobre as pessoas felizes e psicologicamente equilibradas, concluía que o estado último do desenvolvimento pessoal é aquele em que o ser humano «actualizado» pode começar a voltar-se para ao outros. Ele falava mesmo da pessoa se tornar um «servidor», ao mesmo tempo que insistia na importância da realização pessoal: «A melhor maneira de nos tornarmos melhores servidores dos outros é tornarmo-nos nós próprios pessoas melhores. Mas para sermos pessoas melhores, é necessário servir os outros. É pois possível, necessário até, fazer as duas coisas simultaneamente».
Quando se mede a «coerência cardíaca» por meio do Computador, verifica-se que a maneira mais simples e mais rápida para que o corpo entre em coerência é fazer a experiência de sentimentos e de ternura para com outrem. Quando nos sentimos visceralmente, emocionalmente, em relação com aqueles que nos rodeiam, a nossa fisiologia entra espontaneamente em coerência. Simultaneamente, quando ajudamos a nossa fisiologia a entrar em coerência, abrimos a porta a novas maneiras de apreender o mundo à nossa volta. É a porta para a realização do eu. (Pág. 211)
Por Onde Começar ?
Pois agora só falta «começar» e saber «por onde». Aqui chegados, sugerimos a leitura do restante do Livro, dado os detalhes «particulares» em que cada um se enquadra no tema.
Luis 2009
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