Apreciação prévia:
Se a primeira grande conquista deste século é a do espaço, a segunda é, para Maximilienne Levet, o aumento da longevidade. Com efeito, o prolongamento da duração da vida e o rejuvenescimento fisiológico constituem um fenómeno novo na história da humanidade, necessitando, por isso mesmo, de remodelações profundas da sociedade. A autora analisa o fenómeno do envelhecimento, sobretudo tal como ele ocorre em França e nas sociedades industrializadas ocidentais, nas suas vertentes físicas, psíquicas e sociais. Para a psicossocióloga e gerontóloga Maximilienne Levet é preciso que sejam reconhecidos os valores de reflexão, de meditação, de sabedoria, assim como as potencialidades que emergem com o avançar dos anos.
Gerontologia:
A GERONTOLOGIA, do grego geron, gerontos, «velho», e lógia, «teoria», constitui-se no século XX como um estudo específico dos processos de envelhecimento.
Ciência de múltiplas facetas, a gerontologia é o local de encontro de disciplinas tão diversas como a sociologia, a psicologia, a filosofia, a economia e a biologia, para não citar senão as mais correntes. Ciência da encruzilhada é frequentemente infiltrada de ideologia, e deu lugar a múltiplas teorias das quais nenhuma, até agora, pôde abranger o conjunto dos processos que estão em acção no processo do envelhecimento humano.
Confrontada com a pluralidade de disciplinas, métodos e teorias, a gerontologia reflecte deste modo a complexidade do envelhecimento, teatro de contradições múltiplas e profundas. No entanto, não podemos senão constatar e deplorar que a conotação geral dessas teorias seja pessimista, e que privilegie a expressão da relação pessoa idosa-sociedade, unicamente através da lupa económica do sistema de produção. Os valores de reflexão, de meditação, de sabedoria, e as potencialidades que se vão forjando com o avanço da idade, não são tomadas em consideração; pior que isso – a maior parte das vezes não são mesmo reconhecidas.
Costumamos dizer que o espaço é a grande conquista do nosso século, esquecendo que há uma segunda, muito mais importante a nosso ver, a do tempo. Esta conquista é superior porque diz respeito a cada um de nós no seu percurso nesta terra, na sua vida quotidiana, profissional, afectiva, familiar ou social.
Com efeito, desde o início do século, a nossa esperança de vida passou de 45/50 anos para 75/80 anos em média, tomando em consideração os dois sexos. Isto permitiu avançar com a ideia de que o homem idoso é uma invenção do século XX, porque, mesmo se houve idosos em todas as épocas, o seu número era restrito. Agora, todos sabemos, ou deveríamos saber, que temos todas as hipóteses de viver velhos, ou mesmo muito velhos, e que é preciso tomar isso em linha de conta nos nossos projectos, nas nossas escolhas, na própria concepção que temos do nosso ser no mundo.
Paralelamente a este envelhecimento cronológico produz-se um rejuvenescimento fisiológico. O velho decrépito está em vias de desaparição e as caricaturas de velhos torcidos e deformados pelos anos já não têm razão de ser. Em breve mais ninguém se lembrar destes velhos de dorso arqueado cuja cabeça olhava obstinadamente a terra que os esperava. A velhice da maior parte de entre nós não corresponderá mais a este lugar-comum, e isto até ao seu termo.
No entanto, a organização social não consegue integrar este duplo movimento, longevidade-rejuvenescimento. A sociedade responde com lentidão, atrasada na sua concepção de envelhecimento, com programas que calcam somente os terrenos da ajuda e do apoio – que não são certamente de esquecer, mas que não permitem ter em consideração as potencialidades do fenómeno e da sua riqueza, potencialidades que não pedem senão ocasião para se exprimirem.
Envelhecer não é nenhuma doença nem uma tara. Nada justifica a rejeição do velho, mesmo se a velhice anuncia o fim da vida, esta aventura de alto risco que termina sempre mal. Certamente que a morte é inevitável, mas alegremo-nos de a ver recuar no tempo.
O Mundo dos Velhos
«Eles correm, correm, os segundos... Para os jovens, o tempo não existe,
mas para os velhos este relógio que conta os segundos que nos separam
Gerontologia:
A GERONTOLOGIA, do grego geron, gerontos, «velho», e lógia, «teoria», constitui-se no século XX como um estudo específico dos processos de envelhecimento.
Ciência de múltiplas facetas, a gerontologia é o local de encontro de disciplinas tão diversas como a sociologia, a psicologia, a filosofia, a economia e a biologia, para não citar senão as mais correntes. Ciência da encruzilhada é frequentemente infiltrada de ideologia, e deu lugar a múltiplas teorias das quais nenhuma, até agora, pôde abranger o conjunto dos processos que estão em acção no processo do envelhecimento humano.
Confrontada com a pluralidade de disciplinas, métodos e teorias, a gerontologia reflecte deste modo a complexidade do envelhecimento, teatro de contradições múltiplas e profundas. No entanto, não podemos senão constatar e deplorar que a conotação geral dessas teorias seja pessimista, e que privilegie a expressão da relação pessoa idosa-sociedade, unicamente através da lupa económica do sistema de produção. Os valores de reflexão, de meditação, de sabedoria, e as potencialidades que se vão forjando com o avanço da idade, não são tomadas em consideração; pior que isso – a maior parte das vezes não são mesmo reconhecidas.
Costumamos dizer que o espaço é a grande conquista do nosso século, esquecendo que há uma segunda, muito mais importante a nosso ver, a do tempo. Esta conquista é superior porque diz respeito a cada um de nós no seu percurso nesta terra, na sua vida quotidiana, profissional, afectiva, familiar ou social.
Com efeito, desde o início do século, a nossa esperança de vida passou de 45/50 anos para 75/80 anos em média, tomando em consideração os dois sexos. Isto permitiu avançar com a ideia de que o homem idoso é uma invenção do século XX, porque, mesmo se houve idosos em todas as épocas, o seu número era restrito. Agora, todos sabemos, ou deveríamos saber, que temos todas as hipóteses de viver velhos, ou mesmo muito velhos, e que é preciso tomar isso em linha de conta nos nossos projectos, nas nossas escolhas, na própria concepção que temos do nosso ser no mundo.
Paralelamente a este envelhecimento cronológico produz-se um rejuvenescimento fisiológico. O velho decrépito está em vias de desaparição e as caricaturas de velhos torcidos e deformados pelos anos já não têm razão de ser. Em breve mais ninguém se lembrar destes velhos de dorso arqueado cuja cabeça olhava obstinadamente a terra que os esperava. A velhice da maior parte de entre nós não corresponderá mais a este lugar-comum, e isto até ao seu termo.
No entanto, a organização social não consegue integrar este duplo movimento, longevidade-rejuvenescimento. A sociedade responde com lentidão, atrasada na sua concepção de envelhecimento, com programas que calcam somente os terrenos da ajuda e do apoio – que não são certamente de esquecer, mas que não permitem ter em consideração as potencialidades do fenómeno e da sua riqueza, potencialidades que não pedem senão ocasião para se exprimirem.
Envelhecer não é nenhuma doença nem uma tara. Nada justifica a rejeição do velho, mesmo se a velhice anuncia o fim da vida, esta aventura de alto risco que termina sempre mal. Certamente que a morte é inevitável, mas alegremo-nos de a ver recuar no tempo.
O Mundo dos Velhos
«Eles correm, correm, os segundos... Para os jovens, o tempo não existe,
mas para os velhos este relógio que conta os segundos que nos separam
do próximo ano, consome a vida passo a passo»
Centro Georges-Pompidou, Paris
Quem São as «Pessoas Idosas» ?
Qual o momento, qual a idade em que a gerontologia se baseia para se dedicar ao seu objecto, para utilizar os seus métodos, apresentar os seus resultados?
A questão é importante. Com efeito, um simples esvoaçar pelos séculos permite ilustrar o maior ou o menor interesse dedicado às pessoas de idade na sociedade, e explicar a chagada tardia da gerontologia entre as ciências humanas.
Alguns elementos de história:
Já na época dos Romanos marcavam o começo da velhice e é interessante notar que não evoluímos nada nas nossas avaliações: para nós, 60 anos, idade da reforma, assinala a entrada na velhice social.
Na Idade Média, as etapas da existência não eram fixadas pela idade. Não se conhecia senão a criança e o adulto, cuja vida terminava quando as suas forças já não lhe permitiam guerrear ou trabalhar. Até ao século XII, o indivíduo ignorava mesmo a sua idade.
No século XVII, a imagem da velhice muda de novo de maneira radical e carrega-se de qualidades tais como a sabedoria, bondade, justiça. A velhice é mesmo enaltecida durante a Revolução Francesa e organiza-se uma festa em sua honra. Apesar disso, é a juventude que reina em todos os órgãos do Estado.
O poder político é maioritariamente exercido pelos mais idosos no fim do século XIX.
Explosão de jovens, explosão de velhos:
A população do planeta duplicou desde 1950, passando de 2,5 mil milhões para 5 mil milhões em 1987. Nos próximos trinta anos ela não deverá aumentar senão 50 por cento, atingindo assim mais de 8 mil milhões em 2025.
Prosseguindo os seus prognósticos, os demógrafos avançam com números de 10 a 11 mil milhões, e talvez 14 mil milhões de habitantes terrestres para o fim do século XXI, número em que, pensam eles, nós estabilizaremos.
Diante desta explosão, a questão da penúria dos recursos não pode ser escamoteada. De facto, uma minoria – os países industrializados - é sobrealimentada, e a maioria – os países em vias de desenvolvimento – é subalimentada. Calculou-se que uma família de quatro pessoas nos Estados Unidos consumia tanto como dezoito pessoas na Índia. Note-se igualmente que 2 mil milhões de habitantes dos países em vias de desenvolvimento não têm água potável, 1,5 mil milhões não têm acesso aos cuidados médicos e 1,2 mil milhões vivem abaixo do limiar da pobreza. Em resumo, 23 por cento da população mundial apropria-se de 84 por cento dos proventos do planeta e da energia disponível (números publicados no Le Monde dês debates, Dezembro de 1993).
Poderá este desequilíbrio persistir?
Esta progressão numérica é acompanhada de um aumento de esperança de vida, que era na Europa à volta de 25 anos no século XVII, chega, nos nossos dias, e nos países desenvolvidos, a 72 anos para os homens e a 82 anos para as mulheres. Este aumento de duração de vida não parece prestes a parar, e os biologistas fazem-nos entrever a possibilidade de atingir os 120 anos de vida anunciados na Bíblia.
Centro Georges-Pompidou, Paris
Quem São as «Pessoas Idosas» ?
Qual o momento, qual a idade em que a gerontologia se baseia para se dedicar ao seu objecto, para utilizar os seus métodos, apresentar os seus resultados?
A questão é importante. Com efeito, um simples esvoaçar pelos séculos permite ilustrar o maior ou o menor interesse dedicado às pessoas de idade na sociedade, e explicar a chagada tardia da gerontologia entre as ciências humanas.
Alguns elementos de história:
Já na época dos Romanos marcavam o começo da velhice e é interessante notar que não evoluímos nada nas nossas avaliações: para nós, 60 anos, idade da reforma, assinala a entrada na velhice social.
Na Idade Média, as etapas da existência não eram fixadas pela idade. Não se conhecia senão a criança e o adulto, cuja vida terminava quando as suas forças já não lhe permitiam guerrear ou trabalhar. Até ao século XII, o indivíduo ignorava mesmo a sua idade.
No século XVII, a imagem da velhice muda de novo de maneira radical e carrega-se de qualidades tais como a sabedoria, bondade, justiça. A velhice é mesmo enaltecida durante a Revolução Francesa e organiza-se uma festa em sua honra. Apesar disso, é a juventude que reina em todos os órgãos do Estado.
O poder político é maioritariamente exercido pelos mais idosos no fim do século XIX.
Explosão de jovens, explosão de velhos:
A população do planeta duplicou desde 1950, passando de 2,5 mil milhões para 5 mil milhões em 1987. Nos próximos trinta anos ela não deverá aumentar senão 50 por cento, atingindo assim mais de 8 mil milhões em 2025.
Prosseguindo os seus prognósticos, os demógrafos avançam com números de 10 a 11 mil milhões, e talvez 14 mil milhões de habitantes terrestres para o fim do século XXI, número em que, pensam eles, nós estabilizaremos.
Diante desta explosão, a questão da penúria dos recursos não pode ser escamoteada. De facto, uma minoria – os países industrializados - é sobrealimentada, e a maioria – os países em vias de desenvolvimento – é subalimentada. Calculou-se que uma família de quatro pessoas nos Estados Unidos consumia tanto como dezoito pessoas na Índia. Note-se igualmente que 2 mil milhões de habitantes dos países em vias de desenvolvimento não têm água potável, 1,5 mil milhões não têm acesso aos cuidados médicos e 1,2 mil milhões vivem abaixo do limiar da pobreza. Em resumo, 23 por cento da população mundial apropria-se de 84 por cento dos proventos do planeta e da energia disponível (números publicados no Le Monde dês debates, Dezembro de 1993).
Poderá este desequilíbrio persistir?
Esta progressão numérica é acompanhada de um aumento de esperança de vida, que era na Europa à volta de 25 anos no século XVII, chega, nos nossos dias, e nos países desenvolvidos, a 72 anos para os homens e a 82 anos para as mulheres. Este aumento de duração de vida não parece prestes a parar, e os biologistas fazem-nos entrever a possibilidade de atingir os 120 anos de vida anunciados na Bíblia.
(in Livro «Viver Depois dos 60 Anos» de Maximilienne Levet)
Vejamos entretanto outra «fonte» que nos fornece mais detalhes sobre a «Gerontologia»:
A gerontologia é um campo de estudos interdisciplinar que investiga os fenômenos fisiológicos, psicológicos e sociais e culturais relacionados com o envelhecimento do ser humano. É um campo multiprofissional e multidisciplinar. Embora a Gerontologia envolva muitas disciplinas, a pesquisa repousa sobre um eixo formado pela Biologia, pela Psicologia e pelas Ciências Sociais.
A gerontologia é um campo de estudos interdisciplinar que investiga os fenômenos fisiológicos, psicológicos e sociais e culturais relacionados com o envelhecimento do ser humano. É um campo multiprofissional e multidisciplinar. Embora a Gerontologia envolva muitas disciplinas, a pesquisa repousa sobre um eixo formado pela Biologia, pela Psicologia e pelas Ciências Sociais.
A gerontologia difere da geriatria na medida em que esta última é o ramo da medicina (especialidade) associado ao estudo, prevenção e tratamento das doenças e da incapacidade em idades avançadas.
O aumento da expectativa de vida (ou esperança de vida) e o envelhecimento da população mundial têm preocupado cada vez mais cientistas, intelectuais e formuladores de políticas públicas. O crescimento da gerontologia nos últimos anos é um reflexo dessas transformações.
O aumento da expectativa de vida (ou esperança de vida) e o envelhecimento da população mundial têm preocupado cada vez mais cientistas, intelectuais e formuladores de políticas públicas. O crescimento da gerontologia nos últimos anos é um reflexo dessas transformações.
(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)
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